BENGUELÊ
Duração: 40 minutos
Benguelê é uma exaltação ao passado africano e às suas marcantes e profundas raízes na cultura brasileira. Riscando do palco, sem nenhum pudor, qualquer vestígio da técnica clássica – que, no entanto, presente na formação dos bailarinos, dá suporte à complexa coreografia -, o coreógrafo evoca, do início ao fim, ritmos afro-brasileiros como o maracatu, o candomblé e o congado. Anarquia e frenesi substituem a simetria e a ordem dos bailarinos em cena. Pas-de-deux e fouettés dão lugar a batidas de pé, remelexos de quadril, ombros e pélvis. A diversidade rítmica ganha vida ao som da música inspirada do compositor, cantor e violonista João Bosco. São onze temas – especialmente criados como a música-tema Benguelê, ou recriados como o chorinho 1×0 de Pixinguinha, ou Tarantá e Carreiro Bebe, do folclore. Ora festivos, ora ritualísticos, os movimentos sugerem danças tribais, onde a representação de figuras humanas, vergadas pelo tempo, ou animalizadas, pontuam o espetáculo.
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Benguelê is a celebration of the African culture and its deep and highly-influential roots in Brazilian culture. Effortlessly erasing any traces of classical dance technique from stage – even though it is the dancers’ rigorous classical training that underscores this complex choreography – Benguelê’s choreography always evokes Afro-Brazilian rhythms such as maracatu, candomblé and congado. Anarchy and frenzy replace symmetry and order on stage. Stomping feet and swaying hips, shoulders and crouches substitute for Pas-de-deux and fouettés. The rhythmic diversity is ignited by the inspired music of composer, singer and guitarist João Bosco. They are eleven themes – some have been especially created for the soundtrack, such as the title theme; some are recreations of classics such as Pixinguinha’s chorinho 1×0; and others are pieces from Afro-Brazilian folklore such as Tarantá and Carreiro Bebe. Benguelê’s movements, at times festive or ritualistic, suggest tribal dances in which the representation of human figures, stooped with age or animalized, punctuate the performance.
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coreografia / choreography: Rodrigo Pederneiras
música / music: João Bosco
cenografia / set design: Fernando Velloso and Paulo Pederneiras
figurino / costume design: Freusa Zechmeister
iluminação / lighting: Paulo Pederneiras
O CORPO
Duração: 43 minutos
Tematizando o imaginário urbano, a coreografia de Rodrigo Pederneiras dialoga inovadoramente com a trilha eletrônica de Arnaldo Antunes.
No ritmo acelerado dos movimentos, na violência dos gestos, nas quebras das linhas e no arqueamento dos corpos que buscam se mover rente ao chão, Rodrigo Pederneiras desenvolve novas características para essa dança, que vai da malemolência ao robótico.
“O corpo é suficientemente opaco / para que se possa vê-lo.” Esse corpo dança banhado na luz-cenário de Paulo Pederneiras, um quadrado de spots vibrando com a música como um gigantesco analisador de espectro.
O Corpo transforma o cenário em luz e os figurinos em cenários móveis: são esculturas pretas que dançam numa caixa vermelha. Os corpos ganham novos volumes pelo desenho das roupas de Freusa Zechmeister e Fernando Velloso. Formam uma gangue, ou tribo; mas suas individualidades são acentuadas pelo movimento e pelo inusitado dos figurinos.
As frases de Arnaldo Antunes ganham corpo na dança; e a dança dá novo viés à trajetória do Grupo. Na soma de gestos, som e luz, O Corpo concentra, com novos acentos, a essência brasileira do Grupo Corpo.
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Using the human imaginary as theme, the choreography of Rodrigo Pederneiras uses an innovative dialogue, through the electronic sound track of Arnaldo Antunes.
In the accelerated rhythm of the movements, through agressive gestures, during the line breaks and by the arching of bodies, which try to move very close to the floor, Rodrigo Pederneiras develops new characteristics to this dance which goes from the “malemolência” (a slowness) to a robot like dance.
“The body is sufficiently opaque / in order to be seen.” The bodies dance while bathed by the stage lighting, created by Paulo Pederneiras. It’s a square of spot lights, which vibrates with the music as if it were a giant spectrum analyzer.
O Corpo transforms the stage setting into lights and the costumes into moving stage settings: they are like black sculptures dancing inside a red box. The bodies get new volume through Freusa Zechmeister’s and Fernando Velloso’s creations.
They form a gang or a tribe but their individualities are marked by movement and by their unusual costumes.
Arnaldo Antunes’ music is materialized through the dance and the dance add a new angle to Grupo Corpo’s history. O Corpo concentrates on the sum of the gestures, sound and light, thus bringing newness to the Brazilian essence of Grupo Corpo.
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coreografia / choreography: Rodrigo Pederneiras
música / music: Arnaldo Antunes
cenografia e iluminação / set design & lighting: Paulo Pederneiras
figurino / costume design: Freusa Zechmeister and Fernando Velloso